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As florestas nativas ocupam boa parte da área das terras pertencentes às empresas de florestas plantadas. Segundo o IBÁ (Indústria Brasileira de Árvores), em 2022, às áreas de conservação do setor somam 6,73 milhões de hectares.

Estas áreas englobam zonas florestais caracterizadas por uma notável riqueza em biodiversidade, ecossistemas raros, ameaçados de extinção, bem como ecossistemas que atendem às necessidades fundamentais das comunidades locais.

Nesse sentido, a preservação e utilização sustentável das florestas nativas tem se tornado um tema cada vez mais relevante no âmbito das empresas florestais. Explorar as diversas opções de aproveitamento das florestas nativas se apresenta como um desafio, onde as empresas têm a oportunidade de adotar práticas que não apenas beneficiem suas atividades, mas também contribuam para a conservação do meio ambiente e o bem-estar das comunidades locais.

Este texto tem como objetivo analisar algumas das estratégias e alternativas que as empresas florestais têm adotado na gestão das florestas nativas. Iremos aqui ressaltar os potenciais benefícios sociais, econômicos e ambientais que podem ser alcançados por meio de uma abordagem equilibrada e sustentável.

Assim, sugerimos acompanhar o texto por meio desses 4 tópicos:

  • Desafios da conservação em empresas florestais
  • Benefícios das áreas nativas
  • Possíveis usos das florestas nativas
  • Exemplos Empresariais

Desafios da gestão de florestas nativas em empresas florestais

A conservação das áreas florestais em empresas do setor enfrenta uma série de desafios significativos. Um dos principais desafios reside nos custos de manutenção dessas áreas. Manter florestas em bom estado de conservação requer investimentos contínuos em monitoramento, isolamento, eliminação de indivíduos exóticos, prevenção de incêndios, entre outros. Esses custos podem ser substanciais e impactar as finanças das empresas.

Além disso, a conscientização da população local e dos funcionários é fundamental para manter as áreas conservadas e cumprir a legislação ambiental. Muitas vezes, as comunidades não estão plenamente cientes da importância da conservação ou das consequências da degradação florestal.

Outro desafio é controlar a dispersão e germinação de espécies indesejadas nos locais de conservação. Elas podem desencadear impactos negativos nos ecossistemas, competindo com a flora e fauna nativas.

Como vimos, os desafios da manutenção de áreas nativas são expressivos para empresas florestais e somente com uma abordagem integrada e comprometida, elas podem contribuir efetivamente para a preservação dos recursos naturais e a promoção da sustentabilidade ambiental. Por outro lado, as áreas nativas também podem gerar benefícios para essas organizações, que podem até ser financeiros. Veremos a seguir quais são!

Benefícios das áreas nativas

Ao cuidar de suas áreas nativas, as empresas florestais reafirmam seu compromisso com um desenvolvimento sustentável. Ainda mais, garantem respostas positivas às pressões que os mais diversos setores exercem constantemente sobre as florestas plantadas.

Ao promover simultaneamente a conservação e o uso sustentável das florestas, as empresas florestais podem fortalecer sua reputação e atrair consumidores e investidores que valorizam práticas empresariais éticas e ambientalmente responsáveis.

Além disso, empresas que mantêm suas áreas preservadas atendem importantes critérios para certificações, como o FSC (Forest Stewardship Council), que são fundamentais para a comercialização de qualquer produto de origem florestal, principalmente no mercado externo.

Se existe uma grande frente de benefícios de ordem reputacional, as empresas podem eventualmente desfrutar até de benefícios financeiros. Veremos a seguir uma série de iniciativas que podem servir como referência para a sua empresa florestal.

 

Possíveis usos das florestas nativas

O valor inerente das florestas nativas vai além da simples estética. Seus ecossistemas, ricos em biodiversidade, e os serviços que oferecem, desempenham um papel fundamental na preservação do equilíbrio da vida na Terra, abrangendo desde a regulação do clima até o fornecimento de recursos necessários para o bem-estar humano.

As empresas florestais têm a oportunidade de explorar uma variedade de atividades em consonância com uma abordagem de Economia Verde e Bioeconomia, para aproveitar as florestas nativas, trazendo benefícios econômicos, sociais e ambientais.

  • Ecoturismo e Educação Ambiental

O ecoturismo e os serviços ecossistêmicos podem ilustrar de maneira notável essa abordagem. Ao criar trilhas ecológicas, oferecer experiências de observação da fauna e flora e disponibilizar acomodações sustentáveis em meio à natureza, as empresas podem, ao mesmo tempo, promover a conscientização ambiental e valorizar os recursos naturais das florestas, além de poder gerar receita.

  • Compensação Ambiental

Oferece benefícios significativos para empresas florestais em conformidade com o Novo Código Florestal. Em primeiro lugar, a utilização de áreas preservadas para a compensação de Reserva Legal permite que as empresas otimizem o uso de suas propriedades, mantendo uma porcentagem menor de terras inexploradas, de preservação, e as tenha em outro lugar.

Além disso, a empresa com excedente de reserva pode arrendar e/ou vender suas áreas para terceiros. Por exemplo, os valores podem variar entre R$ 250,00 à R$ 650,00 para arrendamento e entre R$ 680 à R$ 17000,00 para venda. Porém, esses valores variam de acordo com estado e bioma.

  • Incentivo Fiscal

Atualmente, está em tramitação o Projeto de Lei (PL) nº 784/2019 que busca incentivar os proprietários rurais a instituírem RPPNs, oferecendo isenção do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) para propriedades na qual a área destinada à RPPN ultrapasse 30% do total.

Além da isenção de ITR, as despesas efetuadas exclusivamente na criação, instalação, manutenção e ampliação de benfeitorias para a RPPN, incluindo a elaboração e implantação do plano de manejo, serão dedutíveis do Imposto de Renda (IR) em valores duplicados. Também não haverá incidência de taxas e emolumentos para criação e registro em cartório e eventuais multas decorrentes de infrações ambientais poderão ser convertidas em bens, serviços e benfeitorias da própria RPPN.

O PL ainda prevê que aqueles que instituírem a RPPN terão prioridade na análise de pedidos de concessão de crédito rural para sua melhoria e conservação, e se a RPPN representar mais de 30% da área total do imóvel, o acesso ao crédito rural, em todas as suas modalidades, será estabelecido com taxas e juros menores, a serem definidos através de normativa específica das instituições financeiras competentes.

  • Créditos de Carbono

O carbono em florestas nativas tem um papel fundamental na redução das mudanças climáticas, pois auxiliam na captação e retenção de carbono da atmosfera.

Algumas ações que geram créditos de carbono são:

– Ações primárias contra ameaças como a extração de madeira ou a conversão em terras agrícolas. Isso evita a liberação de grandes quantidades de carbono armazenado.

– Projetos que se concentram na preservação de áreas de floresta com alta biodiversidade, protegendo assim não apenas o carbono, mas também a variedade de espécies.

Esses créditos de carbono que podem ser comercializados no mercado de carbono, permitindo que empresas compensem suas emissões de carbono apoiando a conservação e o uso sustentável das florestas nativas. Isso ajuda a reduzir a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera e contribui para a mitigação das mudanças climáticas.

  • Projetos Comunitários

O estabelecimento de parcerias e o envolvimento comunitário também são aspectos-chave. Ao colaborar com as comunidades locais, as empresas podem desenvolver modelos de gestão compartilhada, onde os benefícios são distribuídos de maneira justa. Isso não apenas fortalece os laços entre as empresas e as comunidades, mas também contribui para a conservação das florestas nativas e o desenvolvimento sustentável.

  • Apicultura

As florestas nativas fornecem um ambiente rico em flora diversificada, que é essencial para as abelhas na produção de mel de alta qualidade, pólen, própolis e cera de abelha. Isso cria oportunidades para empresas produzirem produtos naturais e saudáveis para o mercado. Com isso, contribui para a preservação da diversidade de espécies de plantas e animais. As abelhas polinizam muitas espécies de árvores e plantas, aumentando a biodiversidade e perpetuação de espécies.

Em parceria com comunidade local, a apicultura pode ser uma fonte importante de renda, isso fortalece a economia local e ajuda a combater a pobreza. Ademais, promove a valorização e visibilidade positiva das empresas perante o mercado consumidor.

 

Exemplos na gestão de florestas nativas em empresas florestais

Selecionamos algumas das empresas florestais líderes, como Klabin, Suzano, Arauco, Bracell e Eldorado, para análise de suas ações. Essas empresas têm se destacado por suas iniciativas inovadoras e compromisso com a gestão sustentável das florestas nativas. Em outras palavras, elas estão adotando uma abordagem que visa equilibrar as demandas econômicas com a conservação do meio ambiente e o bem-estar das comunidades locais.

Alguns exemplos notáveis das atividades que estão sendo realizadas por essas empresas incluem:

– Visitas guiadas nas atrações turísticas localizadas nas áreas da Companhia: Cachoeira Erva-Doce e RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) Vale do Corisco.

– Parques particulares abertos ao público, Áreas de Alto Valor de Conservação (AAVC) e áreas protegidas.

  • Eldorado

Programa Eldorado de Sustentabilidade (PES) – A empresa promove a educação ambiental a alunos de escolas da região, comunidades e colaboradores.

  • Klabin

Parque Ecológico Klabin é uma área que promove a conservação da biodiversidade, a manutenção e reabilitação de animais silvestres e a preservação de espécies. O espaço também é voltado para a educação ambiental e o desenvolvimento de pesquisas científicas com a fauna e a flora locais;

– Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) no Paraná e em Santa Catarina, somando quase 9 mil hectares dedicados exclusivamente a estudos científicos, proteção ambiental e preservação dos recursos naturais.

– Em parceria com o poder público e com os próprios moradores das comunidades locais, realizam ações como plantio de mudas de espécies nativas, mutirões de recuperação de matas ciliares e atividades de sensibilização e educativas.

  • Suzano

– O Instituto Ecofuturo faz a gestão do Parque das Neblinas, (reserva com 7 mil hectares de Mata Atlântica em diferentes estágios de regeneração). Onde, desenvolvem atividades de pesquisa científica, manejo e restauração florestal, ecoturismo, educação ambiental e participação comunitária.

  • Irani

– A Irani destina parte de suas florestas nativas para a prática da apicultura. O projeto também envolve as comunidades locais e outros stakeholders, que recebem mel durante a participação em ações socioambientais.

– A empresa conta com uma RPPN onde se propaga educação ambiental e a realização dos monitoramentos ambientais e pesquisas científicas.

Por fim, ressaltar que a principal questão é encontrar um equilíbrio na conservação e as necessidades econômicas das florestas plantadas. Portanto, é importante alinhar estratégias sustentáveis e, ao mesmo tempo, a integridade dos ecossistemas florestais.

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